Verbete organizado
por:

Eliane Vasconcellos

 



Corina Coaraci

 

Vida:

            Nasceu em Wyandotte City, hoje Kansas City, nos Estados Unidos, a 18 de abril de 1859. Filha da americana Mary Frances Lawe e do jornalista brasileiro, de Jurujuba (Niterói — RJ), Carlos Francisco Alberto de Vivaldi. Sua família transferiu-se para o Brasil, quando ela tinha dois anos de idade. Seu pai havia sido nomeado por Lincoln cônsul dos Estados Unidos em Santos (SP), radicando-se depois no Rio de Janeiro, como comerciante.

            Segundo Maria Teresa Caiuby, o seu nome de solteira aparece como Corina Alberta Henriqueta Lawe de Vivaldi. Seu filho, o escritor Vivaldo Coaraci, a apresenta como Corina Henriqueta Alberta Lawe de Vivaldi. Após casar com José Alves Visconti Coaraci, passou a ser conhecida por Corina Coaraci.

            Sua atuação em nossas letras se deu por meio do jornalismo, não deixando nenhum livro de relevo. Estreou na imprensa em 1875, colaborando em periódicos fundados por seu pai no Rio de Janeiro: Ilustração do Brasil (1878-1879) e South American Mail, escrevendo tanto em inglês quanto em português. Em 1877, passa a dirigir a Ilustração Popular, edição condensada da Ilustração Brasileira. Foi correspondente do Arauto, de Petrópolis, manteve a seção “Modos e Modas / Usos e Costumes” na Folha Nova, do Rio de Janeiro, e escreveu com regularidade na Gazetinha, também do Rio de Janeiro. Foi correspondente especial do The New York Herald (1888-1889), onde publicou uma série de artigos sobre o nosso movimento republicano. Na década de 1880 começa a série de crônicas a que deu o título de “A Esmo”.

            Corina Coaraci escreveu também uma peça teatral, "Moema".  Dedicou-se também ao texto didático e a traduções, além de ter exercido o magistério.

            Normalmente se assinava C. Cy. e escrevia com vários pseudônimos: Condessa Augusta, Froufrou, Léo Leone, ou simplesmente C.

 A obra de Corina Coaraci chama a atenção da crítica, primeiramente, por fugir ao gênero mais comum da escrita feminina no século XIX — a poesia —, em que se “engajou” a maior parte das escritoras da época; e, depois, pelo possível cotidiano de sua linguagem, adequada à forma da crônica ou à de artigos ligeiros sobre fatos e personalidades culturais e, com muito mais interesse, sobre episódios e acontecimentos da vida do Rio de Janeiro.

 Quando da morte de Corina, Artur Azevedo, em artigo publicado no Industrial, depois de se referir a palavras desagradáveis que havia escrito sobre ela e se dizer magoado com a cronista, esquece seus sentimentos e assim se expressa:

 

Encantava-me aquela doce filosofia feminina, aquele tom quase sentenciosos, que disfarçava engenhosamente com os atavios da linguagem e o comentário gracioso dos fatos insignificantes da semana. A escrever, C. Cy sabia ser homem sem as grosserias do nosso sexo, e sabia ser mulher sem a pieguices do seu.

 

 

Vê-se, por aí, a inteligência dessa mulher que, no final do século XIX, soube lutar pelos direitos dos oprimidos e, como cronista, registrar os fatos culturais mais pitorescos que animavam o país.