Maria
Carolina Wanderley

Textos:
Sem
título
Dizem
que existem mundos encantados,
Risos,
meiguices, gozos, alegrias,
Sonhos
gentis que vemos realizados
No
país ideal da fantasia.
Nesta
ilusão feliz sendo enlevados,
À
luz de uma esperança fugidia,
A
ventura buscamos, enganados,
E
a dor é que somente nos crucia.
Quando,
porém, esse sonhar fenece,
E
vemos que em nossa alma apenas cresce
A
mágoa, oculta em transparente véu,
Toda
ilusão da mente se desterra
E
o nosso coração somente encerra
A
esperança dulcíssima do Céu.
(A República, 27 / 12/ 1915)
Tuas
cartas
Relembro
as tuas cartas uma a uma,
Em
minha mente todas se gravaram
Não
encontro uma só que não resuma
Tudo
o que nossos lábios já trocaram.
Tu
me escrevias sempre; vez nenhuma
A
sua falta os olhos meus choraram.
Morria
o sol do estio ... vinha a bruma,
—
E as tuas cartas nunca me faltaram.
Hoje
os dias se passam lentamente
Que
me escrevas espero ansiosamente,
Mas
com que mágoa vejo que emudeces...
Termina
esse silêncio que crucia,
É
que me vai trazendo dia a dia
A
certeza cruel de que me esqueces!
(A
República, 16/ 02/ 1917)
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