


Verbete organizado
por:
Constância
Lima Duarte e Diva Cunha
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Marize
Castro

Textos:
Nódoas
Declino
ao
mesmo tempo
que
o vento.
Empilho
nódoas
de sangue
e
sonho
diante
de um perfil
exangue.
Todo
rio tem sua margem.
Todo
alguém tem seu par.
Recolho
grãos
de areia
sob
o olhar
ávido
das
rochas
que
já não podem
andar.
***
ouço
jambos caindo nas madrugadas.
uma
grande solidão encontra
algumas
mulheres com livros nas mãos.
são
senhoras que lêem rosa.
meninas
que lêem nietzsche.
fêmeas
que lêem dostoiévski.
como
ser outra se jamais se sabe o que se é?
além
da névoa e da noite, o que existe?
a
um ciúme amendoado estamos presas.
o
que faz de nós porcelana e estrume?
ímã
e tarântula?
qual
homem ainda amar? Aquele que é veludo e não
adaga?
algumas
mulheres já nasceram grutas.
por
isso escrevem, maternais e cúmplices.
nas
tardes de carnaval.
o
que uma mulher procura em outra, além da ternura?
antigos
medos se enfileiram.
hálitos
e árias se confundem.
a
felicidade é um pássaro de asas curtas e desejos
molhados.
o
que nos faz diabólicas
ísis,
helenas, electras, medusas, medéias?
inocentada
pela delicadeza uma fina chuva cai.
enumero
coisas perdidas:
serpentinas,
ciladas, armadilhas.
e
a lágrima primeira.
quase
esquecida.
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