Floresta, em Papari,
Rio Grande do Norte. Seu nome de batismo é Dionísia Gonçalves
Pinto.
1823 - Aos treze anos, casa-se com Manuel Alexandre Seabra de
Melo, um rapaz pouco culto e dono de grandes extensões
de terra, mas no mesmo ano, ou no seguinte, deixa o marido e volta
a residir com os pais.
1824 - A família de Nísia transfere-se para Pernambuco
e reside em Goiana, Olinda e Recife.
1828 - No dia 17 de agosto, Dionísio Gonçalves
Pinto Lisboa é assassinado nas proximidades de Recife,
depois de haver ganho a causa de um cliente. Segundo a filha,
os responsáveis seriam os poderosos de Olinda que não
toleravam um advogado agindo contra seus interesses.
1828 - Provavelmente neste mesmo ano, Nísia passa a residir
em companhia de um acadêmico da Faculdade de Direito, Manuel
Augusto de Faria Rocha, natural de Goiana (PE).
1830 - Em 12 de janeiro nasce a filha Lívia Augusta de
Faria Rocha, companheira das viagens pela Europa e sua futura
tradutora.
1831 - No Espelho das Brasileiras, um jornal dedicado às
senhoras pernambucanas do tipógrafo francês Adolphe
Emille de Bois Garin, começa a surgir a escritora. Durante
trinta números do jornal (de fevereiro a abril), ela colabora
com artigos que tratam da condição feminina em diversas
culturas.
1831 - Nasce o segundo filho, morto prematuramente
1832 - Publica o primeiro livro: Direitos das mulheres e injustiça
dos homens, uma tradução livre do Vindication of
the rights of woman, de Mary Wollstonecraft, sob o nome de Nísia
Floresta Brasileira Augusta. O pseudônimo escolhido revela
sua personalidade e opções existenciais: Nísia,
diminutivo de Dionísia; Floresta, para lembrar o sítio
Floresta; Brasileira, como afirmação do sentimento
nativista; e, Augusta, uma homenagem ao companheiro Manuel Augusto.
1832 - Em novembro, Manuel Augusto conclui o bacharelado em Direito
e transfere-se com a família para Porto Alegre (RS).
1833 - Em 12 de janeiro, no mesmo dia em que Lívia havia
nascido três anos antes, nasce outro filho que recebe o
nome de Augusto Américo de Faria Rocha.
1833 - Em 29 de agosto, Manuel Augusto morre repentinamente aos
vinte e cinco anos, deixando-a com os dois filhos pequenos. Nísia
decide permanecer em Porto Alegre, dedicando-se, sobretudo, aos
filhos e ao magistério.
1833 - Sai em Porto Alegre a segunda edição de
Direitos das mulheres e injustiça dos homens, pela Tipographia
de V. F. de Andrade.
1837 - Com a Revolução Farroupilha, o clima na
capital gaúcha fica tenso e difícil e Nísia
Floresta transfere-se para o Rio de Janeiro.
1838 - Em 31 de janeiro, estampa no Jornal do Comércio
um anúncio do estabelecimento de ensino que estava inaugurando,
o "Colégio Augusto", em homenagem ao companheiro desaparecido.
1839 - Sai a terceira edição de Direitos das mulheres
e injustiça dos homens, no Rio de Janeiro, conforme o reclame
publicado no Jornal do Comércio de 25 de abril deste ano.
1842 - Publica Conselhos à minha filha, pela Typographia
de J.E.S. Cabral, do Rio de Janeiro, assinando F. Augusta Brasileira.
O livro, dedicado à filha Lívia como presente pelo
aniversário de doze anos, será o trabalho da autora
que terá mais edições e traduções.
1845 - Sai a segunda edição de Conselhos à
minha filha, no Rio de Janeiro, pela Typographia de Paula Brito,
acrescentada de quarenta pensamentos em versos.
1847 - Três novas publicações vêm à
luz no Rio de Janeiro: Daciz ou A jovem completa, Fany ou O modelo
das donzelas, e o Discurso que às suas educandas dirigiu
Nísia Floresta Brasileira Augusta.
1849 - Sai a primeira edição de A Lágrima
de um Caeté, pela Typographia de L.A.P. de Menezes, Rio
de Janeiro, sob o pseudônimo de Telesilla. O poema de 712
versos trata do processo de degradação do índio
brasileiro colonizado pelo homem branco, e do drama vivido pelos
liberais durante a Revolução Praieira, reprimida
em Pernambuco em fevereiro deste mesmo ano.
1849 - No dia 7 de setembro, Lívia sofre um acidente ao
cair de um cavalo e, após semanas de tratamento, Nísia
Floresta resolve ir para a Europa com os dois filhos. Para muitos,
a saúde da filha foi apenas o pretexto para ela se ausentar
do país.
1849 - Em 24 de dezembro a galera chega em Paris, ainda não
de todo refeita das revoluções do ano anterior.
1850 - Apesar de a autora estar residindo em Paris, é
publicado em Niterói um romance histórico seu -
Dedicação de uma amiga - pela Typographia Fluminense
de Lopes e Cia, em dois volumes, trazendo apenas as iniciais B.
A. como assinatura. Este livro deve ser considerado o primeiro
romance escrito por um (ou uma) norte-rio-grandense, segundo os
historiadores.
1851 - Nísia Floresta assiste as conferências do
Curso de História Geral da Humanidade, no auditório
do Palais Cardinal, ministradas por Auguste Comte.
1851 - Em agosto, viaja para Portugal e, durante seis meses,
até janeiro do ano seguinte, visita este país.
1852 - Em 27 de janeiro embarca em Lisboa, rumo ao Brasil, no
navio inglês Treviot,
1852 - Em 22 de fevereiro, o Jornal das Senhoras, do Rio de Janeiro,
saúda a chegada da escritora e descreve sua experiência
na Europa, com certeza a partir de informações da
própria Nísia.
1853 - Publicação de Opúsculo humanitário,
no Rio de Janeiro, pela Typographia de M. A. Silva Lima. São
sessenta e dois capítulos sobre a educação
da mulher, dos quais os vinte primeiros tinham sido publicados
anonimamente no Diário do Rio de Janeiro, de 20 de abril
até meados de maio deste mesmo ano. Neste livro, a autora
combate o preconceito e condena os erros seculares da formação
educacional da mulher, não só no Brasil como em
diversos países.
1855 - Em O Brasil Ilustrado de 30 de abril, há um poema
assinado por B. Augusta, cujo título é "Um Improviso
- na manhã do 1o do corrente, ao distincto literato e grande
poeta, Antônio Feliciano de Castilho".
1855 - O mesmo O Brasil Ilustrado, de 14 de março a 30
de junho, publica em oito capítulos a crônica "Páginas
de uma vida obscura", assinada B.A.. O texto traz a história
de vida de um negro escravo e o que a autora pensava, na época,
acerca da escravidão.
1855 - Em 15 de julho era a vez de outra crônica de B.
Augusta vir a público: "Passeio ao Aqueduto da Carioca",
em que ela se faz de cicerone e passeia com o turista pelo Rio
de Janeiro.
1855 - Em 25 de agosto, D. Antônia Clara Freire morre,
e seu enterro sai do Colégio Augusto: Travessa do Paço,
no 23. Esta morte, somada à do pai e à do companheiro,
será constantemente lembrada pela autora que passa a considerar
o mês de agosto como um mês funesto para si.
1856 - Em 31 de março, O Brasil Ilustrado publica a crônica
assinada B. A. intitulada "O pranto filial", com data de dezembro
do ano anterior. Nela, a escritora expõe a dor pela perda
da mãe e o sentimento de orfandade que a consumia.
1856 - Também neste ano é publicado um livro de
versos: Pensamentos.
1856 - Em 10 de abril, Nísia Floresta segue para a segunda
viagem à Europa no vapor francês "Cadix", em direção
ao Havre, acompanhada apenas por Lívia. Augusto Américo
permanece no Rio, estudando. Só após dezesseis anos
tornará a ver a paisagem carioca de que tanto gostava,
bem como os parentes que ficavam no cais. O Colégio Augusto
anuncia pela última vez seus cursos e, após dezoito
anos de funcionamento, fecha definitivamente suas portas.
1856 - A escritora recebe o filósofo Auguste Comte em
sua residência parisiense, primeiro à Rue d' Enferm,
11, depois à Rue Royer Collard, 9, por sinal, próximo
do endereço de Auguste Comte, à Rue Monsieur Le
Prince, 10. Também é deste ano a correspondência
trocada entre eles, ainda hoje guardada pelos positivistas, num
total de treze cartas.
1857 - Em 5 de setembro morre Auguste Comte após semanas
de agonia. Nísia Floresta é uma das quatro mulheres
que acompanha o cortejo fúnebre até o Père
Lachaise, junto de Sophie Bliaux, a filha adotiva de Comte, a
irmã mais velha de Sophie, Mme Laveyssière e Mme
Maria Robinet.
1857 - Publicação em Paris de Itinéraire
d'un voyage en Allemagne, pela Typographia de Firmin Didot Frères,
assinado Mme Floresta A. Brasileira. O livro, sob a forma de cartas
dirigidas ao filho e aos irmãos, contém as impressões
e comentários da autora sobre as cidades alemãs
que conheceu.
1858 - Primeira edição de Consigli a mia figlia,
com tradução para o italiano da própria autora.
A publicação se dá em Florença pela
Stamperie Sulle Logge del Gren, e os quarenta pensamentos em verso
da edição brasileira aparecem agora em prosa.
1858 - Nísia Floresta viaja por Roma, Nápoles,
Florença, Veneza, Verona, Milão, Torino, Livorno,
Pádua, Mântua, Pisa, Mombasilio e Mandovi.
1859 - A Associação da Propaganda de Valença
imprime a segunda edição italiana do Consigli a
mia figlia, que é recomendado pelo Bispo de Mandovi para
uso nas escolas de Piemonte.
1859 - Publicação da edição francesa
de Conseils à ma fille, em Florença, pela Impr.
de Monnier, traduzido por Braye Debuysé.
1859 - Publicação, pela Typographia Barbera, Bianchi
e Cia, de Florença, de Scintille d' un' anima brasiliana,
assinado Floresta Augusta Brasileira, reunindo cinco ensaios:
"Il Brasile", "L'abisso sotto i fiori della civilità",
"La donna", "Viaggio magnetico", "Una passeggiata al giardino
di Lussemburgo".
1859 - Em 7 de maio parte para a Grécia e visita Eleusis,
Esparta, Atenas, Argos. Depois viaja pela Sicília e conhece
Palermo, Siracusa, Catânia, Messina .
1860 - Ao completar 50 anos, Nísia Floresta instala-se
em Florença. Nesta cidade tem oportunidade de acompanhar
cursos de Botânica ministrados por Parlatore, antigo colaborador
de Humboldt. Em Paris ela já havia assistido aulas desta
matéria no Collège de France e no Musée d'
Histoire Naturale.
1860 - Em Florença, sai a edição italiana
de Le lagrime de un Caeté, pela Editora Monnier, traduzido
por Ettore Marcucci, e com prefácio elogioso à autora.
Ao final do poema, quarenta e uma notas explicam o vocabulário
e relacionam o poema de Nísia com Dante, Ariosto e a Bíblia.
1861 - Em 1o de junho, Nísia Floresta regressa a Paris
e mais uma vez prepara-se para residir nesta cidade, após
três anos ausente.
1864 - Publicação do primeiro volume de Trois ans
en Italie, suivis d'un voyage en Grèce, pela Editora E.
Dentu, de Paris, assinado "par une Brèsilienne". Neste
livro, Nísia Floresta debate os problemas políticos
e sociais italianos, e reflete sobre o modo de vida, a história
e as manifestações culturais da Itália. Como
sua excursão se deu na época da revolução
pela independência, o texto se constitui em importante testemunho
a respeito dos principais acontecimentos da história contemporânea.
1867 - É publicada em Londres a tradução
inglesa de um dos ensaios de Scintille: "La donna". Trata-se de
Woman, por F. Brasileira Augusta, traduzido do italiano por Livia
A. de Faria, filha da escritora.
1867 - Publicação em Paris do romance Parsis. Apesar
de incluído entre os títulos da autora, não
é conhecido nenhum exemplar deste livro, nem é encontrada
referência a ele nos catálogos da Biblioteca Nacional
de Paris.
1871 - É publicado Le Brésil, de Mme Brasileira
Augusta, pela Livraria André Sagnier, de Paris, também
traduzido por Livia Augusta Gade. (Lívia casou-se com um
alemão de sobrenome Gade, tendo ficado viúva após
quatro meses de casada.)
1871 - Pressionada pela família e desgostosa com os conflitos
da Comuna em Paris, Nísia vende seus pertences e deixa
definitivamente a cidade. Segue primeiro para Londres com a filha
e depois para Lisboa, onde embarca, mais uma vez, para o Rio de
Janeiro. Lívia não a acompanha e permanece na Europa,
residindo em vários países até falecer, em
1912, em Cannes, na França.
1872 - Assinado apenas Une brésilienne, o segundo volume
de Trois ans en Italie, suivis d'un voyage en Grèce, é
publicado em Paris, pela mesma editora do primeiro volume.
1872 - Após dezesseis anos no exterior, em 31 de maio,
Nísia desembarca do vapor inglês "Neva", no Rio de
Janeiro.
1875 - A estada em terras brasileiras durou pouco mais de dois
anos. Em 24 de março, Nísia Floresta retorna à
Europa. O primeiro destino é a Inglaterra, onde a filha
a aguarda, e, após alguns meses, segue para Lisboa.
1878 - Publicação de seu último trabalho:
Fragments d'un Ouvrage Inèdit - Notes Biographiques, em
Paris, por A. Cherié Editeur, assinando Mme Brasileira
Augusta. Este livro, apesar de conter principalmente informações
a respeito do irmão, Joaquim Pinto Brasil, traz também
dados biográficos da autora, até então desconhecidos.
1878 - Transfere a residência para Rouen, no interior da
França e, em seguida, para Bonsecours, na Grande Route,
no 120.
1885 - Em 24 de abril, Nísia Floresta Brasileira Augusta
morre vitimada por uma pneumonia, sendo enterrada num jazigo perpétuo
no Cemitério de Bonsecours. Anos depois, em 1954, os despojos
da escritora são trasladados para o Brasil, e enterrados,
com muita pompa, no dia 12 de setembro, no mausoléu construído
em sua homenagem, próximo do local da antiga residência
do sítio Floresta.
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