Lila Ripoll
Vida:
Nascida a 12 de
agosto de 1905 em Quaraí (RS), e falecida a 7 de fevereiro de
1967 em Porto Alegre - vítima do câncer - Lila Ripoll percorre
caminhos já conhecidos pela poesia ocidental contemporânea: o
confessionalismo, o intimismo, a investigação lírica de temas
como a morte e o amor, as reminiscências ligadas à infância e
às perdas, e a lírica socialmente engajada. Essa diversidade de
vertentes poéticas praticadas pela escritora filia sua obra aos
mesmos caminhos percorridos por Cecília Meireles e Mario Quintana.
Em 1927, abandona Quaraí para terminar seus estudos em Porto
Alegre. Ingressa no Conservatório de Música (atual Instituto de
Artes da UFRGS), formando-se em piano. Após a perda do marido em
1947, dedica-se ao trabalho de mobilização do Partido Comunista,
candidatando-se, em 1950, a deputada estadual pelo PC, enfrentado
forte reação da ala conservadora, o que dificultou a sua
eleição.
Lila Ripoll, de acordo com Donaldo Schüler,
participa da lírica dos poetas da geração de 30, que o autor
designa por evasionista (cf. Schüler, 1987: p. 206), à
exceção da produção de cunho social da poeta. A poesia de
Ripoll nasce entre a perda e a transcendência, onde o amor brota
como um tema em excesso, que vem somente a ser compreedido entre
os oprimidos. A escritora alcança o clímax de sua produção
quando trabalha a condição feminina na sua lírica quando (em
suas últimas obras), ao invés da plenitude da existência,
admite a degradação das coisas e do outro. Nesse ponto de sua
produção poética, tudo desaba, sedimenta-se, fossiliza-se.
Tal como os neo-simbolistas do sul nos anos 30 e 40, Ripoll
privilegia o Eu em relação ao mundo. A impossibilidade de uma
convivência harmônica com aquilo que é transitório e as perdas
que a todos os homens afligem levam o eu-lírico a uma
identificação com os despossuídos, em virtude da glorificação
das angústias existenciais dos mesmos; assim, ao compartilhar o
sofrer, a autora vê-se liberta do ensimesmamento, buscando a
compreensão da própria dor.
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