Lucie Laval

Obra:
Em Curitiba,
colaborou nos jornais e revistas da época (Gazeta do Povo, Diário
da Tarde, Revista do Centro de Letras do Paraná, Álbum do Colégio
Renascença, Senhorita). Em Ponta Grossa, seus inspirados poemas
enriqueceram algumas páginas do Diário dos Campos, periódico
que, tempos depois, critica o Centro de Letras do Paraná pelo
injusto esquecimento da obra de Lucie Laval.
Lucie Laval, nos três anos em que viveu no Paraná,
particularmente nos sete meses (abril a outubro de 1913) em que
descobriu a sua alma de poetisa, conquistou para sempre um lugar
entre os bons poetas paranaenses. Apesar da pálida luminosidade física,
legou-nos o brilhantismo da poesia triste, porém consoladora. A
palavra, artifício do existir ilimitado, foi (re)construída na
busca de traçar na convulsão interior de sentimentos um caminho
de reflexão e entendimento de usa própria essência.
Ressonâncias melancólicas, estrofes diáfanas de versos
sem alegria, mas indisfarçadamente belos. Num abismo de
contrastes de percepções e encantos a mergulhos solitários nos
momentos – silêncio. A poesia de Lucie Laval despetala-se em
instantes de sedutor lirismo físico a contatos profundos com o
“eu”, desnudando-o na ausência do humano, em confissões
apenas temerosas da majestade dos céus.
A solidão, a tristeza, a amargura na percepção do outro
tornam-se, nas linhas poéticas de Lucie Laval, sentimentos ternos
e fogem de sua acepção negativa ao revelarem o perfil de uma
alma sofredora e de uma aparência frágil.
Em sua poética, a solidão justifica, não é justificada.
Preferindo a ausência aos momentos de presença, o que perturba e
“agita” o eu-lírico é aquilo que o faz perceber-se,
sentir-se e envolver-se no outro. A solidão é exposição de
sentimentos dolorosos, mas saudáveis. A presença vem causar a
esse equilíbrio um sofrimento tumultuado, uma ilusão, uma percepção
falsa.
A
sensibilidade da emoção jovem aliada à capacidade de elaboração
de poemas em atmosferas de melancólica ternura e esperançada
tristeza tornam Lucie Laval poeta de sutil criatividade e
incontestável harmonia sentimental.
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