Verbete organizado
por:

Zahidé L. Muzart

 



Maria Carolina Corcoroca de Sousa


Textos:


A Simonides


Quem sou eu? d'onde vim? Ah! que te impele

a vir assim de chofre interrogar-me?

se a sombra me seduz!

Responder-te não posso; não! não ouso!

a viver bem oculta em densas trevas,

– meu gosto se reduz!

 

Podes crer que essa chama que abre ao homem

os amplos horizontes tão floridos

só ele a alimente?

Duvidas que em meu peito se reflita

do teu estro imortal somente um átomo?

– És cruel realmente!

 

Estranho que n'um século progressista,

a mulher consideres nulidade,

incapaz de escrever!

Deveras ressentida me convenço

que é mister desprezar a frágil pena...

e desaparecer.

 

Não tentes desvendar negro mistério;

deixa que a noite encubra o triste nome,

nome que luz não quer!

Algum dia o Acaso me apontando,

te dirá com acento triunfante:

– não é homem... é mulher!

 

Quem sou eu? que desejo? que te impele

a vir assim de chofre interrogar-me?

se a sombra me seduz!

Sou um ser que da vida se aborrece...

Que desejo? viver desconhecida!...

detesto o sol, a luz!

 

 

 

 

Salve! Século XX!

 

Garboso, sorridente e altaneiro

ao mundo o século vinte se apresenta,

e o mundo ao saudá-lo a crença aumenta

de ser ele de glórias mensageiro.

 

Que traga bem-estar, tranqüilidade,

unindo em um abraço colossal,

amistoso, sincero e fraternal

os membros dessa grande humanidade!

 

Que farto e refulgente traga inventos

que atestam do progresso o esplendor,

levando ao apogeu raros talentos!

 

Trazendo para fé, grande vigor

ao homem p' ra reais cometimentos,

terá na História um brado louvor!