Angélica
de Sousa Rego, filha de Maria Leopoldina de Sousa Rego e Marcelino
de Sousa Rego, ambos de ascendência nobre. Moço fidalgo
da Real Casa de D. João VI e Capitão condecorado
por atos de bravura em campo de batalha, seu pai morreu em serviço,
deixando-a órfã antes dos 5 anos de idade. Seu tutor
o Brigadeiro Bracet, antigo companheiro de armas de seu pai, impressionado
com sua inteligência incomum, encarregou-se de dar-lhe uma
educação mais aprimorada que a recebida pelas meninas
da época. Aos 14 anos, casou-se com seu professor de desenho,
João Caetano Ribeiro, que mais tarde alcançaria
renome como cenógrafo.
Tendo iniciado sua
atividade literária ainda na adolescência, pouco
depois chegou a colaborar em algumas revistas, sob o pseudônimo
de Nenia Silvia. Contudo, só após os 25 anos passou
a investir efetivamente numa carreira literária. Foi em
1855 que escreveu a primeira das mais de vinte peças que
compõem sua obra dramática. Em sua maior parte ainda
hoje inéditas, suas peças estão, ao que parece,
irremediavelmente perdida – seus originais foram destruídos
pelo incêndio ocorrido no Liceu de Artes e Ofícios
do Rio de Janeiro.
Quando de sua estréia
pública com a encenação do drama Gabriela,
em 1863, no Ginásio Dramático – um dos mais afamados
teatros do Rio de Janeiro na época – já havia escrito
cerca de 15 peças. Bem acolhida pelo público e pela
crítica, dois anos depois teria outro drama seu, Cancros
sociais, encenado no mesmo teatro. Aplaudida calorosamente
pelo público e pela imprensa local – cujos comentários
mais destacados foram assinados por Machado de Assis – essa peça
alcançou 8 récitas seguidas após a estréia,
além de outras nos meses seguintes, tornando seu nome conhecido
e, sobretudo, prestigiado no ambiente teatral da época
como até então nenhum outro nome feminino o fora.
Após esse
sucesso, prosseguiu escrevendo, publicando e encenando suas peças.
Além dos dramas Cancros sociais (1866) e Gabriela
(1868), publicou as comédias Um dia na opulência
e Ressurreição do Primo Basílio, respectivamente
em 1877 e 1878; e em 1879 seu drama Opinião pública
foi levado ao Teatro São Luís.
Fundamentalmente
preocupada com a situação opressiva vivida por suas
contemporâneas, em suas peças expõe suas idéias
e reivindicações sobre a realidade social, como
também protesta, embora quase sempre implicitamente, contra
o cerceamento social sofrido pelas mulheres. No seu drama abolicionista
Cancros sociais, por exemplo, além da crítica
à escravidão, Maria Ribeiro advoga a causa da mulher
escrava e, posicionando-se a favor da idéia de que o desquite
não significava a perda das virtudes femininas, não
hesita em apontar os homens como causa primeira dos erros da mulher.
Sua contribuição
à história da dramaturgia brasileira, em particular
à de autoria feminina, impõe-se como notável
especialmente por ter forçado pioneiramente a abertura
de um espaço público para as mulheres, propiciando-lhes
o desempenho do novo papel social de dramaturga.
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