Verbete organizado
por:

Luísa Cristina dos Santos

 



Natalina Cordeiro

 

Obra:

Artista, parecia sentir que não teria tempo para desenvolver o seu talento ou reunir em volume as suas produções literárias, quando escreveu: “            Não é artista somente aquele que produz belas e admiráveis páginas de arte, no verso, na prosa, no ritmo ou na tela; também o é aquele que sabe compreendê-la e sentir, nas diversas emotividades da alma”.

Num discurso, no fim da primeira guerra mundial, disse ela, num arroubo de intensa alegria, transmitida pela seleção lexical e, principalmente, por um aporte fonético estilisticamente valoroso — o /a/ iluminando o texto e o /p/ aplaudindo... :

 

            “Sejamos pela paz!... Pela paz universal, pela paz das nações, pela paz dos povos europeus, pela nossa paz, pela paz dos nossos lares, porque, cada dia que fluir a paz, será para nós um dia de júbilo, de risos e de festa...”

 

Não publicou livros, porém, participou da vida intelectual paranaense colaborando no Diário do Comércio, Cruzada, O Itiberê, periódicos de Paranaguá, além do Diário da Tarde e Sonetos Paranaenses, de Curitiba.

 

            Natalina Cordeiro fala de coisas vividas e sentidas, em verdadeira adesão ao habitat provincial, sua Paranaguá — ponto de partida e de chegada de suas “viagens” — tomadas não em perspectiva horizontal mas na vertical, a da espiritualidade. É pensando desta forma, lendo seus textos levando em conta todas as razões segregacionistas de isolamento e silêncio, que encontraremos as melhores qualidades da escritora: poesia feita de experiência real, de comoção verdadeira.