Verbete organizado
por:

Luísa Cristina dos Santos

 



Natalina Cordeiro

 

Textos:

Prece

Tu que durante o dia

me acompanhaste, vem,

Senhor! e sê também

Do meu sono o vigia...

 

Minh’alma só confia

em Ti, Supremo Bem!

vem Ter comigo, vem

fazer-me companhia...

 

Eu sei, eu reconheço,

que nada te mereço,

oh! vítima da Cruz

 

sou pobre serva, enfim,

mas, tem pena de mim...

eu Te amo, Jesus!

 

Um século de poesia: poetisas do Paraná

Centro Paranaense Feminino de Cultura

 

Barcarola

 

(Cantada pelas sócias do Grêmio Miosótis, em um festival realizado nos salões do Clube Republicano, em 1917. O baile foi à marinheira, razão do significado da letra. A música foi composta pelo maestro João Gomes Raposo.)

 

O nosso brigue é ligeiro,

Como igual outro não há.

Quando sulca as águas mansas

Da nossa Paranaguá.

 

Quando a Cotinga assinala

A entrada do “Bergantim”,

A cidade veste gala,

Promove alegre festim!...

 

Estribilho

 

Cantemos que a vida é breve

Como o orvalho da manhã...

Cantemos, que o canto é doce

Como as carícias loucas!...

 

Murmura a brisa fagueira,

Na transparência do ar,

Gemendo brandos queixumes

Como os soluços do mar!...

 

As ondas que se sucedem

Após uma, outra desmaia,

Beijando, meiga, serena

Alvas areias da praia...

 

Estribilho

 

Cantemos, que a vida é breve

Como orvalho das manhãs...

Cantemos que o canto é doce

Como as carícias louçãs!...

 

Vogai marujos que a vida

É galera que conduz,

À plaga desconhecida

De um mundo todo de luz!...

 

Um século de poesia: poetisas do Paraná

Centro Paranaense Feminino de Cultura

 

À minha avozinha

 

Avozinha partindo, bem amada,

Levaste toda essa alegria minha;

Deixaste-me na vida amargurada

Deixaste-me e te foste tão sozinha!

 

Quanta tristeza viva concentrada,

Desde que me deixaste, ó avozinha!

Tornou-se para mim vida pesada

A vida boa que era a vida minha.

 

Consola-me a lembrança que és feliz,

Nesse mundo de Amor e de piedade

Para onde breve irei também – tudo o prediz...

 

Tudo o prediz, avó, de tal maneira,

Que sinto uma indizível ansiedade

Por essa grande Pátria verdadeira.

                                       Junho de 1917

 

Um século de poesia: poetisas do Paraná.

Centro Paranaense Feminino de Cultura

 

À minha avozinha

 

Toda a alegria lépida que eu tinha

Partiu contigo, santa bem amada;

E quando foste embora — tão sozinha! —

Eu fiquei neste mundo abandonada.

 

Chora em mim que tristeza desolada

Des que morreste, pálida avozinha!

Tornou-se para mim amargurada

A vida boa que era a vida minha.

 

Só me alivia o te saber feliz

Nesse mundo de amor e de piedade

Para onde irei também — tudo o prediz...

 

Tudo o prediz, avó, de tal maneira

Que sinto uma indizível ansiedade

Por essa grande Pátria verdadeira.

 

Antologia paranaense

Rodrigo Jr. e Alcibiades Plaisant

 

Um ideal ... todo esperança

 

De um ideal – todo esperança

Que em minha mente nasceu,

Guardo eu, somente a lembrança,

De um ideal – todo esperança

Que em minha mente viveu...

Vago sonho de criança,

De um ideal – todo esperança

Que em minha mente morreu...

 

Um século de poesia: poetisas do Paraná.

Centro Paranaense Feminino de Cultura

 

Saudades!...

 

Saudades!... suspiros d’alma,

Que a alma alenta e conforta

Relembrando em doce calma

Uma esperança já morta

 

Saudades!... fluido divino,

Eflúvios do coração

Meigo afeto peregrino

Avivando uma afeição...

 

Lembrança d’alma querida

Que a morte de nós separa...

Que consola e nos ampara

Nos dissabores da vida.

 

Saudades!... elos sagrados

Que o nosso ser liga a alguém,

E em pensamento também,

Faz que vivamos lembrados.

                      22 de abril de 1920

 

Um século de poesia: poetisas do Paraná

Centro Paranaense Feminino de Cultura

O filósofo

                                              Dedicado a Dario Veloso

Quer a doutrina expondo a seus Irmãos,

Ou do Mestre os preceitos ensinando,

Converte-lhe a palavra os corações,

Onde as idéias sãs vão germinando.

 

É mestre pelo exemplo, e, sendo puro,

Pode a todos falar de fronte erguida!

Não tendo nunca um pensamento impuro,

Jamais a uma vingança deu guarida!

 

Dentro do lar, em íntimas tertúlias,

A sua voz nos arrebata e enleva,

Como no alor de uma sentida dúlia.

 

Busca vencer os feitos da Grécia;

É luz de Amor, que, iluminando a treva,

Lembra o esplendor dos místicos da Grécia!

 

Paranaguá na história e na tradição

Manoel Viana