É
novo o portador da carta que ora escrevo,
Resposta
que te devo.
Não
mando pelo mar, pois o mar tem paixões,
E
anda sempre ocupado,
Cheio
de cuidado
Em
conquistar os róseos corações
das
conchas, que são noivas dos corais.
Por
ele eu não te escrevo, nunca mais.
Este
novo correio
É
mais seguro e muito mais ligeiro...
Não
me inspira receio,
Chegando
aí primeiro
Que
a luz da madrugada,
Promete-me
voltar
Quando
a luz do arrebol, a luz crepuscular,
Estiver
aumentada,
Não
ama como o mar. Apenas diz à flor,
Qualquer
coisa de amor,
É
triste. É muito triste.
Como
eu, nunca o viste.
Escuto
sempre o seu queixume eterno,
No
verão, pelo estio e pelo inverno,
Misterioso,
sutil é mais veloz
Que
os rouxinóis...
Olha
e vê tudo.
Não
fala
E
não é mudo.
As
árvores embala...
Às
vezes, o imagino uma ave rara,
De
plumagem macia e muito clara,
Inquieta
a voar de minuto a minuto,
Num
vôo irresoluto,
Quando,
zangado, as folhas arrebata,
Levando-as
pelo chão, as corolas maltrata...
Mas
quando bom, quando não se enfurece,
Tem
cicios de prece...
Afaga
e encrespa as águas das levadas,
Brancas,
azuladas,
Dos
regatos, dos rios.
Acompanha,
em surdina, os doces murmúrios.
Todos
sentem que passa e rumoreja,
Sem
que ninguém o veja ...
Sabes
quem é que eu descrever intento?
—
É o vento!!
Mensageiro
de arminho,
Que
parte num galope,
Para
levar-te, assim é o meu desejo,
—
Em carta, transformado o meu carinho,
Meu
coração em forma de envelope,
E
no envelope o selo azul do beijo.
Que
cheiro bom!...
Que
coisa deliciosa
Cheirei,
agora, como por encanto!...
Fosse,
talvez, um cálice de uma rosa
Não
cheiraria tanto.
De
onde é que vem esse perfume assim?
Perfume
novo e velho para mim,
Forte,
tão forte, que me entonteceu,
Se
mistura comigo e não sou eu? ...
Perfume
que recorda o cheiro do teu lenço,
Mas
não é,
Não
é também incenso,
Mas
se parece com insensação
Este
perfume, a perfumar sem conta...
É
que hoje cheirei de manhãzinha
A
flor vermelha do teu coração
E
fiquei tonta,
Tontinha....