Verbete organizado
por:

Luísa Cristina dos Santos

 



Maria Cândida de Jesus Camargo

 

Obra:

Desde muito cedo, despertou para a poesia. Seu amor à Vida a transformou em poeta antes de que ela se desse conta, quem sabe influência do “mestre-poeta”. Assim, sob os pseudônimos de Stela de Jesus, Stela Maria, Miriam e Aimar, entre outros, colaborou brilhante e incessantemente com jornais e revistas do Rio de Janeiro: Copacabana Jornal e O Malho; de São Paulo: Revista Feminina, Cidade do Matão e O Clarim; de Curitiba: Diário da Tarde, A República, A Cidade, O Dia, Almanaque dos Municípios, Jornal dos Poetas, Correio dos Ferroviários; de Ponta Grossa: Campos Gerais, O Progresso e O Comércio; de Guarapuava: Guayra; de Castro: Dezenove de Novembro e Castro Jornal; de Paranaguá: O Itiberê e Marinha; de Antonina: Jornal de Antonina; de Sengés: O Eco; de Tomazina: O Tomazina.

Muito embora tenha produzido muito, Maria Cândida não publicou livro em vida. Alguns anos após sua morte, porém, o eminente poeta Rodrigo Júnior e a professora Alaíde de Camargo Turech (sobrinha de Maria Cândida) reuniram em um volume seus principais escritos (49 poemas). A obra, intitulada Júbilos e mágoas, foi lançada em 1958. 

A patrona de uma cadeira na Academia Feminina de Letras do Paraná era mulher de hábitos simples e nutria profunda admiração pelo grande compositor Carlos Gomes, amigo de seu pai.

Apesar da variedade e da fecundidade de seus versos, é poeta fiel a certas realidades elementares: o amor, a amizade, a religião, a saudade, a família, a homenagem. A atitude diante de determinadas temáticas traz uma perspectiva interessante e/ou útil para se observar o desenvolvimento de seu fazer poético.

Possuía facilidade e rapidez para compor poemas de melifluidas notas. São correntes os poemas com tom decididamente desprendidos, elegíacos.

Reconhecida como “paisagista do verso”, Maria Cândida permitiu-se transparecer em seus versos, em sua decantada imagem de simplicidade. Profundamente católica, humilde, não de uma humildade tola e depressiva, a poeta nos deixou inúmeros versos carregados de fé nos quais a religião configura pavimento para fincar raízes. Na construção de seus poemas, o amor à terra natal desdobra-se em estrofes de luz, em perfeita sintonia com os costumes, valores e conceitos de época.

É à alma que o alimento em poesia vem, é dos recantos escondidos onde saudade e paz coexistem que o encontro com a poesia de Maria Cândida (re)significa-se, e, desta maneira, compõe o puzzle de sua identidade.