Verbete organizado
por:

Luísa Cristina dos Santos

 



Maria Cândida de Jesus Camargo

 

Vida:

Maria Cândida de Jesus Camargo escreve para registrar a sua vivência do cotidiano, capitalizando fatos, pensamentos, conservando e eternizando momentos, procurando conter o escoar do tempo. Sua obra é a história de uma aprendizagem. Aquela que conta alterna evocações do passado com a reflexão, conseguindo imprimir ao texto imagens da memória e trajetória de vida.

            Há, em relação à linguagem, uma progressão histórica do silêncio para a verbalização, o que se observa não só na prática geral da linguagem como no discurso da ciência. Do século XIX para cá, veio se acelerando a produção de linguagens e a contenção do silêncio, sobejamente no campo do discurso feminino. É hora das palavras se desdobrarem ilimitadamente em palavras. Assim, quer se trate de dominação, quer se trate de resistência, é pela historicidade inscrita no tecido textual, que é possível apreender a presença/ausência desta escritora e suas contemporâneas na identidade cultural brasileira. 

            Nascida em 6 de agosto de 1868, em Ponta Grossa, Paraná, onde estudou, Maria Cândida de Jesus Camargo era filha de Cândido Mendes Ribeiro Ferraz de Camargo e Maria Joaquina de Souza Castro Camargo. Teve por mestres Alzira Braga dos Santos e o poeta ponta-grossense Antonio Martins de Araújo (poeta dos bons, registrado em “Vozes Campestres”). Foi aluna muito atenta.

            Seja pelo contexto social e cultural em que vivia, seja pelo dom e exemplo dos primeiros mestres, Maria Cândida dedicou-se ao magistério público primário, tendo lecionado nos municípios de Imbituva, Prudentópolis, Ponta Grossa e Jaguariaíva onde fixou residência definitivamente. Aposentou-se em julho de 1919. Faleceu em Jaguariaíva em 11 de agosto de 1949.